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Finlāndia exporta programa cujo objetivo central é evitar que o bullying tenha "plateia", o que desestimula o agressor

Existe uma maneira eficiente de impedir o bullying nas escolas? A Finlândia parece ter encontrado a resposta em duas sílabas: KiVa, um programa implementado em 90% das escolas do país e que, segundo estudos, levou a uma diminuição sensível do número de casos de agressão nos colégios que o adotaram.

O nome do programa vem de Kiusaamista Vastaan, que significa "contra o abuso escolar". Trata-se de um método que busca criar respeito e empatia entre crianças em idade escolar. A grande diferença em relação a outras iniciativas é que, para evitar que o bullying aconteça, o KiVa tem como foco os espectadores, ou seja, os potenciais observadores das agressões. 

De acordo com Johanna Alanen, gerente do projeto na Universidade de Turku e parte do time que trabalha desenvolvendo e aprimorando o programa na Finlândia, o bullying é um fenômeno de grupo e só acontece porque o bullie (aquele que ataca o colega) quer visibilidade e poder. "Por isso, o foco é agir sobre os espectadores das agressões para que eles influenciem a turma toda de modo que esse tipo de comportamento não seja aceito. Se não houver uma plateia, o bullying não terá sentido e não acontecerá", explica.


Como funciona?

O programa é estruturado para ser aplicado em turmas de crianças dos 6 aos 12 anos e busca ensinar que maltratar colegas não é aceitável. Para isso, o KiVa atua em três frentes: prevenção, intervenção e monitoramento. A prevenção é feita de maneira simples. Todas as escolas que aplicam o KiVa recebem um treinamento para que toda a equipe saiba o que é bullying e como identificá-lo. Depois disso, são escolhidos três funcionários para serem agentes KiVa: adultos que serão referência quando um problema acontecer e precisar ser discutido.

A abordagem parte da ideia de que os próprios envolvidos no bullying devem sugerir como podem melhorar seus comportamentos, após discussões com os membros da equipe KiVa. No dia a dia, o objetivo é aumentar a empatia entre os alunos, para fazer com que eles saibam se colocar no lugar dos outros e possam se perguntar "o que posso fazer para ajudar quem está sofrendo?".

Todas as escolas que aplicam o KiVa precisam oferecer, mensalmente, pelo menos duas aulas de 45 minutos sobre assuntos relacionados ao programa. "Nessas aulas, os alunos discutem temas como emoções, como se comportar em grupo, como defender alguém em apuros e por que as pessoas são diferentes", relata Johanna. As "aulas KiVa" abrangem assuntos internos e externos à vida escolar para que as crianças saibam respeitar diferenças e conviver melhor com elas. Tudo para que todas se sintam parte de um grupo que as acolhe e se importa com elas.

"Quando você pergunta para um adulto que sofreu bullying na escola qual era o pior aspecto da situação, ele sempre diz que o mais cruel era pensar que estava sozinho e que ninguém se importava com ele", explica a gerente do programa. Por isso, o pacote de ações tenta encorajar os colegas a não serem coniventes com agressões a outras crianças. 

Entre as ações previstas pelo programa estão a presença de supervisores no intervalo identificados com o nome do programa, pesquisas on-line periódicas com os estudantes e a inserção do tema em jogos de computador e ambientes virtuais de aprendizagem. Nessas plataformas, fica disponível uma caixa de mensagens para os alunos relatarem casos de agressão presenciados ou nos quais foram vítimas. Também há um site e um guia específico para os pais. "Combater o bullying precisa ser uma ação conjunta de toda a comunidade escolar para que as crianças se sintam protegidas e bem na escola. Caso contrário, elas não aprendem", explica Johanna.

Se o problema não for resolvido com uma abordagem mais branda, os agentes KiVa partem para uma estratégia confrontativa. O agressor é chamado para uma conversa com os adultos para que ele entenda que seu comportamento não é aceitável. Alguns dias depois, os adultos e as crianças se reúnem novamente para se certificar de que o bullying deixou realmente de acontecer. Pesquisas de monitoramento apontam que, na maioria dos casos, o problema acaba depois das reuniões com as crianças.


O papel dos pais

O programa conta com uma série de materiais disponíveis para os pais das crianças. São folhetos e publicações on-line para que eles entendam e saibam lidar com a situação. Johanna explica que, no entanto, muitas vezes os responsáveis pelas crianças têm muita dificuldade em aceitar que seu filho ou filha é um bullie. "Não são poucos os casos em que os pais têm opiniões muito fortes sobre o assunto e simplesmente não conseguem admitir que seu filho está fazendo algo de ruim para um colega", explica.

Devido a essa dificuldade no diálogo com os pais, eles não costumam ser envolvidos nas conversas diretas sobre o problema na escola. O foco, diz Johanna, é fazer com que os próprios alunos entendam que seu comportamento precisa mudar. Os pais são sempre informados sobre como estão os relacionamentos na turma dos filhos e são incentivados a acessar os materiais on-line e tirar dúvidas com os professores, mas raramente são chamados para reuniões em que as crianças são confrontadas com o problema.

Os pais são diretamente envolvidos no problema apenas em casos muito severos. Afinal, na Finlândia, dependendo do tipo de agressão, casos de bullying precisam ser informados à polícia. O programa, por outro lado, não sugere nenhum tipo de punição padrão para casos em que conversas e reuniões não sejam suficientes. O fato de toda a escola estar pronta para lidar e identificar casos de agressão entre os estudantes faz com que a própria instituição saiba decidir quando é a hora de envolver as autoridades no problema e qual o tipo de punição adequada.

Um indicativo do sucesso do KiVa, mesmo fora do contexto finlandês, é a quantidade de países que já adotaram o programa com bons resultados. Mais de 10 países estão licenciados para aplicar o método em suas escolas. O KiVa já foi adaptado para Holanda, Reino Unido, Espanha, Estônia, Suécia e Itália. No Brasil, já houve uma tentativa piloto na cidade de Horizonte (CE), e a gerente do KiVa em Turku afirma que, no momento, o programa está em negociação com um parceiro para uma nova etapa no país.

O processo de adaptação do método para outros países começa com as negociações para obter a licença. Em seguida, passa pela tradução de todo o material e o treinamento de agentes KiVa. "É necessário ter alguém que entenda a realidade cultural e econômica do país em questão para que possamos adaptar o método de forma eficaz", explica Johanna. Os parceiros normalmente são ONGs e universidades.

Fonte: Revista Educação

 
 
 
   
 
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